O que quer dizer os primeiros cristãos para nós - Daniel Alves Pena

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O que quer dizer os primeiros cristãos para nós

Postado por instrutordanielpena em quarta-feira, 9 de janeiro de 2013 | 10:08

Não podemos apagar da história dos primeiros cristãos

A maioria dos evangélicos singelamente passam por alto sobre os primeiros cristãos.  Rara vez se fala deles em nossas igrejas, e não tomamos no mínimo em conta seus escritos. Nossa atitude me faz pensar da atitude dos fariseus para João Batista. Quando os fariseus tentaram capturar a Jesus fazendo-lhe a pergunta de onde vinha sua autoridade, Jesus respondeu: “Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas. ” (Mateus 21.24-27).

Não é verdadeiro que nossa atitude para com os primeiros cristãos é muito parecida com essa? Não podemos dizer que suas crenças são corretas, porque então teríamos que reconhecer que as nossas não são corretas. Por outra parte, não queremos acusar a eles de ser hereges, porque não podemos negar sua fé invencível e seu amor cristão sobressalente. Ademais, se disséssemos que são hereges, também teríamos que dizer que os diferentes livros de nosso Novo Testamento foram colecionados e compilados por hereges. Portanto, igual que os fariseus, recusamos responder. Não adotamos nenhuma opinião. Singelamente passamos por alto sobre os primeiros cristãos, como se o não lhes prestar atenção os fizesse desaparecer. Mas passá-los por alto não apaga da história as verdades das quais eles testemunham.

Falta-nos a humildade com respeito a nossas crenças

Imagem ilustrativa adicionada pelo autor do blog

Façam o favor de entender-me: Não estou dizendo que todos nós devemos eliminar de imediato todas as nossas crenças e adotar as dos primeiros cristãos. Singelamente estou dizendo que se vamos ser honestos, temos que admitir que nem sempre fomos honestos. Por exemplo, muitas de nossas doutrinas a respeito da salvação se parecem muito às dos gnósticos. Bem, é possível que os gnósticos tivessem razão. Mas realmente cremos que sim? Sejamos honestos.
Pelo menos, devemos reconhecer a possibilidade de que algumas de nossas doutrinas não sejam corretas, ainda que sempre as tenhamos crido de todo coração. Quando primeiro li os escritos dos primeiros cristãos, deu-me vergonha dar-me conta de que os primeiros cristãos não ensinavam muito do que eu tinha ensinado a outros já por muitos anos. Na verdade, eles claramente qualificavam de heréticas algumas das crenças que eu tinha. Por não dizer mais, esta experiência me fez mais humilde. Mas talvez isso mesmo é o que a todos nos falta: uma dose forte de humildade teológica.

Há pouco tempo, explicava a um amigo cristão o que os primeiros cristãos primitivos criam e praticavam. A maioria do que eu dizia concordava com o que ele cria. Emocionou-se bastante do que eu lhe dizia, crendo que o depoimento dos primeiros cristãos dava depoimento positivo de que as crenças dele eram corretas. Mas quando eu comecei a contar-lhe de algumas das crenças deles que não concordavam com as dele, viu-se perplexo e se calou. Depois movendo a cabeça negativamente, disse com toda seriedade:
— Estavam muito equivocados eles, verdade? Não se lhe ocorreu a possibilidade de que ele mesmo pudesse estar equivocado.

Talvez não estamos dispostos a mudar nossas crenças com base no depoimento dos primeiros cristãos. Mas pelo menos devemos deixar de julgar com tanta severidade àqueles que, em toda honradez, interpretam as Escrituras de maneira diferente à que as interpretamos nós. Especialmente se suas interpretações concordam com as dos primeiros cristãos. Jesus nos adverte: “Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis-vos medirão a vós.” (Mateus 7.1-2).

Parece que muitos de nós não acreditamos na verdade no que Jesus disse. Julgamos sem misericórdia as interpretações sinceras de outros. E cremos que Jesus sorrirá e nos louvará no dia do juízo. Mas talvez estejamos equivocados. Talvez as interpretações nossas sejam as incorretas. Talvez Jesus faça exatamente o que disse. Talvez nos julgue precisamente da maneira que julgamos a outros.

Os escritos dos primeiros cristãos nos dão um ponto de referência

Como muitos outros, eu verdadeiramente creio que a Bíblia é a única autoridade para os cristãos, um livro inspirado e sem erro. Mas nós os cristãos que cremos na Bíblia estamos divididos entre centenas de diferentes denominações e seitas. Pelo geral tais divisões não resultam porque há cristãos que torcem as Escrituras para motivos egoístas com intenção de enganar. Ao contrário, é verdade que muitos ensinos na Bíblia não estão muito claras. Muitas passagens da Bíblia se podem entender de diferentes formas.

Como resultado disso, ainda os cristãos que crêem na Bíblia, se sentem obrigados a fixar outra base de autoridade, além da Bíblia. Por exemplo, muitos põem muita confiança nos impressos de sua denominação ou as autoridades eclesiásticas. Muitos confiam nos pastores, nos seminários, nos comentários bíblicos, nos credos, ou nas tradições da igreja evangélica. Mas, quanto valor têm, na realidade, tais fontes de autoridade? Pode um seminário ter mais entendimento do que outro? Podemos saber que nosso pastor tem razão e o outro pastor não? Como podemos estar seguros de que um autor como Matthew Henry, escrevendo um comentário no século décimo sétimo, entendeu o que os apóstolos queriam dizer.

Aqui nos podem ajudar os escritos dos primeiros cristãos. Sim, podem-nos ajudar bastante. Estes escritos não são inspirados, e nunca pretendem ser inspirados. Os escritores da igreja primitiva não levantavam seus escritos ao mesmo nível que as Escrituras. Também não devemos fazê-lo nós. No entanto, de seus escritos podemos saber o que criam os cristãos ao final da época apostólica. Isto nos dá um ponto de referência que é bem mais valioso do que qualquer outro ponto de referência que temos no século vinte, seja seminário, comentário ou pastor. Se vamos usar os escritos dos primeiros cristãos como ponto de referência, temos que ser honestos com isso. Algumas denominações citam os escritos da igreja primitiva para apoiar suas doutrinas eclesiásticas. Quando isso fazem, baseiam-se em que o depoimento dos primeiros cristãos é evidência forte do que os apóstolos criam. Não obstante, eu confrontei a líderes destas mesmas denominações com outras crenças dos primeiros cristãos, crenças que não concordam com as de sua denominação. E tudo mudou muito rápido! Neste momento, o que criam os primeiros cristãos não tinha importância. Em outras palavras, quando os escritos dos primeiros cristãos concordam com o que nós cremos, apreciamo-los. Quando não concordam, desprezá-los e não os tomamos em conta. Será honesto isto? Se fazemos isto, estamos procurando na realidade a verdade de Deus?

A unidade sem a uniformidade

Depois de estudar os escritos dos primeiros cristãos, tenho que concluir que tinha um núcleo de crenças e práticas que eles tinham recebido dos apóstolos. Quase sem exceção, os primeiros cristãos aceitavam estas crenças e práticas. Mas ao mesmo tempo, evidentemente tinha muitos pontos que os apóstolos não tinham explicado à igreja primitiva, nem a ninguém. Em tais pontos tinha muita diversidade entre os primeiros cristãos. Mas ainda assim, não se dividiram numa multidão de diferentes seitas por causa destes pontos. Na verdade, discutiam estas coisas muito pouco entre si. Por exemplo, Justino cria que muitas profecias da Bíblia se cumpririam literalmente durante o milênio. Mas muitos outros cristãos criam de outra maneira. 

Vejam o espírito aprazível de Justino quando ele falou de suas opiniões milenares com um grupo de judeus: “Como disse antes, eu e muitos outros temos esta opinião. Cremos que estas profecias se cumprirão desta maneira. Mas, por outra parte, disse lhes também que há muitos que crêem de outra maneira, e são da fé pura e justa. São também cristãos.” É muito típico dos primeiros cristãos tal espírito pouco contencioso, livre de preconceitos. Não permitiam que sua diversidade de opiniões destruísse seu espírito aprazível. Ainda que intransigentes em sua obediência a Cristo, os primeiros cristãos eram flexíveis nos pontos que os apóstolos não tinham fixado com certeza. Devêssemos imitar seu espírito aprazível.

Avaliando as igrejas de hoje

Imagem ilustrativa adicionada pelo autor do blog
Depois de estudar os escritos dos primeiros cristãos, olhei para trás e me pus a avaliar minha própria espiritualidade. Como disse antes, segundo as normas atuais, sou cristão com uma entrega mais do que ordinária. Mas segundo as normas da igreja primitiva, sou débil espiritualmente. Então, fiz-me a pergunta: “Quando Deus me avalia, o que vê?”

Talvez a igreja de hoje em dia devesse fazer-se esta pergunta. O que vê Deus na igreja atual? Está contente com o que vê em nós? Nos está derramando suas melhores bênçãos? Ou será que nos vê do mesmo modo que viu à igreja do quarto século, depois de Constantino?
Faço esta pergunta por que me parece que vemos atualmente as mesmas condições que existiam no cristianismo de então, o cristianismo do século quarto. Vejo hoje a mesma sensação de bem-estar que tinha no mundo religioso no século quarto. Naquele tempo, os cristãos criam que viviam numa época nova de bênção e prosperidade espiritual. Se orgulhavam de milagres de providências sobrenaturais, e do grande crescimento na igreja. O mesmo vejo na igreja de hoje. Muitos cristãos afirmam que estamos vivendo numa época nova, na qual Deus está dando à igreja prosperidade material, milagres, e muitas bênçãos — bênçãos que ele não deu antes à igreja durante os dois mil anos de sua história.

Muito bem. É possível que, por alguma razão, Deus esteja dando as bênçãos espirituais à igreja atual. Mas a base do que vejo na história da igreja primitiva, é muito pouco provável que seja assim. É bem mais provável que estamos enganando-nos a nós mesmos. Pensemo-lo bem.  Por que daria Deus uma cruz de aflição aos cristãos fiéis da igreja primitiva, enquanto ele nos dá prosperidade material, saúde milagrosa, e além do mais muitos prazeres carnais? Por favor, não me entendam mau. Eu não nego que Deus faz milagres. Li de providências milagrosas e de outros milagres na igreja primitiva. Mas estas coisas eram raras, e a igreja dava pouca ênfase a tais coisas. Depois de que a mãe de Constantino pretensamente achou a cruz de Jesus, então sim que onda maior de milagres e providências sobrenaturais inundou a igreja!

A igreja do quarto século também cria que o crescimento rápido da igreja indicava que Deus aprovava sua obra e seus métodos. O mesmo vejo hoje. As igrejas que destacam as bênçãos materiais, as providências e outros milagres estão crescendo bastante rapidamente. Mas será isso evidência da aprovação de Deus? Recordemos que a igreja cresceu dez vezes mais rápida depois da conversão de Constantino do que antes. Ainda entre os evangélicos tradicionais o crescimento se converteu numa obsessão.
Os métodos que produzem o crescimento se estão adotando numa igreja depois de outra. Por exemplo, a mania atual onde vivo eu é a construção de grandes complexos luxuosos para a recreação. As igrejas os chamam “centros da vida familiar”. Do que eu vi, as igrejas que têm tais centros de recreação crescem mais rápido do que as que não os têm. Mas que importa? A igreja primitiva do quarto século bem demonstrou que podemos usar os métodos humanos — como os templos luxuosos e as festas religiosas — para fazer crescer a igreja. Mas a igreja do quarto século não pôde demonstrar que podemos usar os métodos humanos para fazer uma igreja melhor.

Não é demasiado tarde para voltar

Os cristãos dos primeiros séculos produziram uma revolução espiritual no mundo porque não temeram desafiar as atitudes, a vida, os valores do mundo antigo. Seu cristianismo era bem mais do que um credo, um conjunto de doutrinas. Era uma maneira diferente e nova de viver. E toda a força do mundo romano — militar, econômico e social — não pôde pará-lo. No entanto, depois de trezentos anos, começou a fracassar. Por quê? Porque os cristãos perderam sua fé obediente em Deus. Opinaram que podiam melhorar o cristianismo com os métodos humanos, usando os métodos do mundo. Mas não melhoraram o cristianismo. Destruíram seu coração. Há um provérbio muito prático nas partes rurais de Texas (EUA): “Se não está quebrado, não o conserte”. Em outras palavras, não tente melhorar o que não está falhando. O suposto melhoramento pode causar dano.

O cristianismo primitivo não estava falhando. Não lhe faltava “melhoramento”. Mas os cristãos do século quarto se convenceram de que bem podiam melhorar o cristianismo. “Se ser cristão trouxesse bênçãos materiais e prosperidade, poderíamos converter a todo mundo”, raciocinaram.
Mas afinal de contas, a igreja não converteu o mundo. O mundo converteu à igreja. Mas ainda, de alguma maneira os cristãos de hoje em dia não se convenceram nem com as lições da história. A igreja de hoje ainda se goza de seu casamento com o mundo. E ainda cremos que podemos melhorar o cristianismo por meio dos métodos humanos. Mas no sentido verdadeiro, o cristianismo não melhorará até que volte à santidade prática, o amor não fingido, e a abnegação verdadeira dos primeiros cristãos. Já devemos ter-nos divorciado do mundo — um divórcio que sim tivesse a bênção inequívoca de Deus.
Onde está a cruz de abnegação e sofrimento, e o estandarte da fé e amor, que levavam os primeiros cristãos? Ficaram atirados nas ruas cheias de pó de Niceia. Mas não é demasiado tarde. A igreja pode voltar, recolhê-las, levantá-las elevá-las outra vez.
Fonte / Livro O desafio da igreja atual à luz da igreja primitiva - David W. Bercot, Capitulo 18 -  Páginas 110 a 114

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